Por que o aluguel está tão caro?
- Mariana Oliveira
- 23 de mai.
- 3 min de leitura
Aspectos jurídicos da alta no mercado de locação e como proteger seu contrato.

O mercado de locação no Brasil vem passando por uma disparada nos preços. Só em abril de 2025, a alta média foi de 1,25%, bem acima da inflação. No acumulado dos últimos 12 meses, o reajuste chega a quase 13%. O que está acontecendo? Quais os reflexos jurídicos para locadores e locatários? Como proteger seus interesses em contratos de aluguel?
O que explica essa alta?
A alta dos aluguéis é consequência de uma combinação de fatores econômicos e estruturais:
Taxa de juros alta, que desestimula investimentos no mercado imobiliário;
Mudanças urbanísticas, como restrições em coeficientes de construção em cidades como Belo Horizonte;
Aumento da demanda, com o reaquecimento do mercado de trabalho;
Pressões inflacionárias e reajustes contratuais periódicos.
Aspectos jurídicos críticos no cenário atual
🔹 Reajustes e revisões: até onde o aumento é legal?
O reajuste anual do aluguel deve obedecer ao índice estipulado no contrato (normalmente IPCA ou IGP-M).
Se não houver índice pactuado, aplica-se o critério de livre negociação entre as partes.
Entretanto, não existe previsão legal para “reajustes fora do contrato” simplesmente porque o mercado valorizou. Isso só ocorre mediante:
Ação revisional de aluguel, permitida após três anos da última definição de valor contratual, seja ele fixado inicialmente ou revisto judicialmente (Art. 19 da Lei do Inquilinato – Lei 8.245/91).
O Judiciário tem considerado o equilíbrio econômico do contrato, admitindo revisões para mais ou para menos, desde que comprovada a defasagem do valor frente ao mercado.
🔹 A inadimplência e os riscos contratuais
Com aluguéis cada vez mais altos, o risco de inadimplência cresce. Aqui entram pontos jurídicos cruciais:
Despejo por falta de pagamento pode ser proposto após uma única parcela inadimplida, desde que cumpridos os prazos legais.
A Lei do Inquilinato permite que, se houver cláusula de fiança ou garantia locatícia, o fiador seja diretamente acionado, evitando prejuízos maiores ao locador.
A falta de garantias bem estruturadas pode transformar inadimplência em longos e custosos processos judiciais.
A importância de contratos bem elaborados
Neste cenário, a segurança jurídica começa no papel. Contratos mal feitos abrem margem para discussões, inadimplemento e dificuldade na cobrança. Elementos essenciais:
Cláusula clara sobre reajustes, prevendo:
Qual o índice aplicável;
Periodicidade;
Forma de comunicação do reajuste.
Previsão de multa rescisória proporcional, em conformidade com o Art. 4º da Lei do Inquilinato.
Garantias robustas:
Fiança;
Seguro fiança;
Caução (em dinheiro, imóvel ou títulos).
Cláusulas específicas para inadimplemento, deixando claro:
Prazo de tolerância;
Juros e multa aplicáveis;
Procedimentos para cobrança extrajudicial.
Previsão de revisão contratual:
Inclusão de cláusula permitindo revisão extrajudicial caso haja alteração expressiva das condições econômicas ou do mercado.
Locação sem contrato? Nem pensar!
Ainda é comum no mercado, especialmente em locações residenciais mais simples, firmar acordos apenas verbalmente ou com contratos genéricos, muitas vezes retirados da internet. No cenário atual, isso é assumir um risco desnecessário.
A falta de contrato bem elaborado:
Dificulta comprovação de obrigações;
Torna mais morosa a execução de dívidas;
Enfraquece a posição de ambas as partes em caso de litígios.
A alta no preço dos aluguéis não é apenas uma questão econômica, mas também jurídica. Locadores e locatários precisam estar preparados, seja para lidar com reajustes, revisões, inadimplemento ou mesmo negociações em um mercado volátil.
A assessoria jurídica especializada deixa de ser um diferencial e passa a ser uma necessidade. Contratos bem elaborados, com cláusulas específicas e alinhadas à legislação vigente, são a principal ferramenta para evitar problemas futuros.
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Escrito por
Mariana Oliveira
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